Na semana em que comemoramos o Dia dos Professores no Brasil (15 de outubro) a Educação merece total prestígio e reverência.

O tema necessariamente nos remete ao maior educador brasileiro Paulo Freire (1921-1997), pensador notável na história da Pedagogia, com atuação e reconhecimento internacionais, defendia que o objetivo escolar é ensinar a pessoa a “ler o mundo” para poder transformá-lo, uma educação voltada para os problemas do nosso tempo e o desenvolvimento da consciência crítica.

O educador e filósofo pernambucano Paulo Freire foi reconhecido como patrono da educação brasileira pela Lei nº 12.612, do dia 13 de abril de 2012, por toda sua dedicação à alfabetização e à educação, defendendo os direitos da população pobre.

Nascido no dia 19 de setembro de 1921 em Recife, Pernambuco, aos 10 anos mudou-se para o município vizinho de Jaboatão dos Guararapes, com 13 anos perdeu seu pai e sua mãe passou a ser responsável pelo sustento dos 4 filhos. Em virtude de dificuldades financeiras, sua mãe pediu ajuda para o diretor do Colégio Oswaldo Cruz, que lhe concedeu bolsa integral, transformando-o em auxiliar de disciplina e, posteriormente, em professor de língua portuguesa. Em 1943 ingressou na Faculdade de Direito do Recife.

A partir de então sua vida pessoal e profissional cada vez mais se funde no universo da Educação. Em 1944, casou com a professora Elza de Oliveira, com quem teve cinco filhos, falecida em 1986. Em 1988, casou-se com a pernambucana Ana Maria Araújo, conhecida desde a sua infância e sua orientada no programa de mestrado da PUC-SP, onde foi professor. Em reconhecimento às mulheres da sua vida, o educador dedicou seu título de Doutor Honoris Causa na PUC-SP “à memória de uma e à vida da outra”.

Em 1947 foi nomeado diretor do setor de Educação e Cultura do Serviço Social da Indústria. Em 1955, junto com outros educadores fundou, no Recife, o Instituto Capibaribe, uma escola inovadora que atraiu muitos intelectuais da época, e que continua em atividades até hoje.

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Angustiado com o elevado número de adultos analfabetos na área rural do Nordeste, população excluída, Paulo Freire desenvolveu um método inovador no ensino da alfabetização, para adultos, trabalhando com palavras geradas a partir da realidade das pessoas, era centrado no respeito pelo educando e na conquista da autonomia, tendo a dialogicidade como fio condutor do processo de ensino-aprendizagem. Seu método foi levado para diversos países.

Em 1961, como diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade de Recife, montou uma equipe para alfabetizar 300 cortadores de cana em 45 dias. O projeto ficou conhecido como “Quarenta horas de Angicos”, aplicado pela primeira vez na cidade de Angicos no sertão do Rio Grande do Norte. As experiências bem-sucedidas com alfabetização foram reconhecidas em 1964 pelo governo de João Goulart.

As palavras eram discutidas e colocadas no contexto social do indivíduo. Assim, o agricultor aprendia as palavras do seu cotidiano, tais como cana, enxada, terra, colheita, fogo; também eram levados a pensar nas questões sociais relacionadas ao seu trabalho. Partia das palavras de base para construção de novas palavras, ampliando o vocabulário.

Os fazendeiros da região chamavam o processo educativo de “praga comunista”. Com o golpe militar de 1964, Paulo Freire foi acusado de agitador e levado para a prisão, onde passou 70 dias, depois expulso do país, foi para o Chile. Durante cinco anos desenvolveu trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária.

Em 16 anos de exílio, passou por Chile, Suíça, Estados Unidos e Inglaterra e difundiu sua metodologia de ensino em países africanos de colonização portuguesa, como Guiné-Bissau e Cabo Verde.

Em 1969, Paulo Freire lecionou na Universidade de Harvard. Foi consultor especial do Departamento de Educação do Conselho Municipal das Igrejas, em Genebra, na Suíça durante dez anos. Com a anistia, em 1980, retornou ao Brasil, estabelecendo-se em São Paulo. Foi professor da UNICAMP e da PUC. Foi Secretário de Educação da Prefeitura de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina.

Foi o brasileiro mais homenageado da história: ganhou 41 títulos de Doutor Honoris Causa de várias universidades, entre elas Harvard, Cambridge e Oxford; e recebeu diversos prêmios, como o da UNESCO de Educação para a Paz em 1986. Faleceu em São Paulo, no dia 2 de maio de 1997.

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Destaque para suas obras:

  • Educação Como Prática da Liberdade (1967)
  • Pedagogia do Oprimido (1968)
  • Cartas à Guiné-Bissau (1975)
  • Educação e Mudança (1981)
  • Prática e Educação (1985)
  • Por Uma Pedagogia da Pergunta (1985)
  • Pedagogia da Esperança (1992)
  • Professora Sim, Tia Não: Carta a Quem Ousa Ensinar (1993)
  • À Sombra Desta Mangueira (1995)
  • Pedagogia da Autonomia (1997)

Seu livro Pedagogia do Oprimido, é uma obra-prima, verdadeiro marco revolucionário, inspirador para muitos educadores. É a terceira obra mais citada em toda a literatura das Ciências Humanas, segundo pesquisa realizada por Elliott Green (London School of Economics), utilizando a Google Scholar, ferramenta de pesquisa dedicada à literatura acadêmica.

Reverenciar Paulo Freire como Patrono da Educação é defender o pensamento pedagógico e o próprio Brasil.

Sua produção teórica e leitura de mundo reafirmaram sua prática cidadã e política, com uma pedagogia viva, pautada na original concepção dialógica, problematizadora, conscientizadora e libertadora da educação.

Verdadeiro contraponto da educação tradicional, mecanicista, que ele intitulou como educação bancária, ou seja, onde há, de um lado, o aluno que não sabe nada, uma tabula rasa, e, de outro, o professor detentor de todo o saber, que deposita o conhecimento no vazio.

Paulo Freire criticava a ideia de que ensinar é transmitir porque, para ele, a missão do educador é possibilitar a criação e produção e conhecimento. O aluno não é passivo, traz na sua bagagem um conhecimento prévio e é protagonista no processo de ensino-aprendizagem.

Dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas: “Os homens se educam entre si mediados pelo mundo”. Isso implica que ambos aprenderão juntos, um com o outro, sendo necessária uma relação afetiva e democrática, garantindo a todos a possibilidade de expressão, assim o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo.

Freire afirmava também que a alfabetização dos desfavorecidos rompe a “cultura do silêncio” e transforma a realidade. Os desfavorecidos são “sujeitos da própria história”.

Toda sua obra está integrada com as dimensões cognitivas, afetivas, sensitivas, éticas, estéticas e políticas dos seres humanos.

Não há dúvida de que o legado de Paulo Freire é motivo de justiça e orgulho para a educação nacional, para a pedagogia e para o nosso país.

Hoje temos inúmeros desafios na educação; muitos são velhos problemas, outros novos. Precisamos superar o paradigma:  “Temos uma Escola do século XIX, um Professor do século XX e um Aluno do século XXI”.

Observemos a cada dia nosso posicionamento ideológico, se estamos trabalhando a favor da construção e libertação ou na contramão destes princípios, incluindo ou excluindo, pois todos nós somos Mestres e Alunos na escola da vida.

Que os ensinamentos deixados por Paulo Freire possam nos fortalecer e direcionar para um caminho mais promissor.

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CRIS CRUZ Cristiane Cruz

Mulher, mãe, viajante, apaixonada por pessoas e exploradora de mundos.

Missão: Despertar o autoconhecimento e transformar consciências.

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